quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Atividades sem significado para as crianças

Estava em uma escola onde havia atividades das crianças penduradas em um varal; percebia-se que a professora estava ensinando as sílabas “ge” e “gi”. Na folha, alguns carimbos com desenhos de girafa, gelatina, gilete ─ e quando digo gillete, era das lâminas antigas, sim aquelas de 50 ou 60 anos atrás... e não um aparelho moderninho, com lâmina, descartável, dessas que se encontra aos montes pelos supermercados, farmácias, padarias, etc e tal ─, enfim, havia ainda isso para fazer com que as crianças reconhecessem o desenho e colocassem, ao lado, a palavra correspondente. Do jeito como estava, mais parecia uma atividade diagnóstica, pois ainda como proposta estava escrito assim: “escreva do jeito que você sabe”.

Bem, sem querer comentar muito sobre esse tipo de estratégia, quero apenas mencionar o fato de haver ali a imagem de um produto (a lâmina de barbear) que até mesmo uma pessoa de 22 anos, que me acompanhava  naquela escola, disse que nem sabia (ou nem conhecia) aquele produto, dizendo: “isso eu não conheço”! Pensemos bem: se uma pessoa de 22 anos não conhece /reconhece a imagem para associá-la à palavra correspondente, imaginem uma criança de 6 anos! A gelatina mais parecia um pudim pelo formato, já que ninguém faz com que a gelatina, feita em casa, se pareça com a imagem que está no pacote, ou seja, faz-se a gelatina e põe-se para gelar em potinhos, copos ou mesmo em recipientes maiores de vidro. Então, também essa imagem estava difícil de ser associada à palavra correspondente!


São estes detalhes que os professores devem se ater para que a criança aprenda, de fato, com significado, senão, é possível que alguns alunos sejam considerados pessoas com dificuldades de aprendizagens, não porque não possuem capacidade cerebral para responder às atividades solicitadas pela professora,  mas porque o que estão vendo não se identifica com a realidade daquilo que conhecem. Pensem nisso, professores! Pensem no que fazem! Não dá para usar objetos de sua geração e de seu conhecimento só porque eles começam com as sílabas que vão ser trabalhadas naquela aula! E ainda tem mais: com relação à girafa, será que as crianças que nunca viram esse animal saberão identificar aquele desenho? Sinceramente, acredito que se essa atividade fosse avaliada por alguns bons educadores, ela não obteria uma boa nota, não!

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