Estava
em uma escola onde havia atividades das crianças penduradas em um varal;
percebia-se que a professora estava ensinando as sílabas “ge” e “gi”. Na folha,
alguns carimbos com desenhos de girafa, gelatina, gilete ─ e quando digo
gillete, era das lâminas antigas, sim aquelas de 50 ou 60 anos atrás... e não
um aparelho moderninho, com lâmina, descartável, dessas que se encontra aos
montes pelos supermercados, farmácias, padarias, etc e tal ─, enfim, havia
ainda isso para fazer com que as crianças reconhecessem o desenho e colocassem,
ao lado, a palavra correspondente. Do jeito como estava, mais parecia uma
atividade diagnóstica, pois ainda como proposta estava escrito assim: “escreva
do jeito que você sabe”.
Bem,
sem querer comentar muito sobre esse tipo de estratégia, quero apenas mencionar
o fato de haver ali a imagem de um produto (a lâmina de barbear) que até mesmo
uma pessoa de 22 anos, que me acompanhava
naquela escola, disse que nem sabia (ou nem conhecia) aquele produto,
dizendo: “isso eu não conheço”! Pensemos bem: se uma pessoa de 22 anos não
conhece /reconhece a imagem para associá-la à palavra correspondente, imaginem
uma criança de 6 anos! A gelatina mais parecia um pudim pelo formato, já que
ninguém faz com que a gelatina, feita em casa, se pareça com a imagem que está
no pacote, ou seja, faz-se a gelatina e põe-se para gelar em potinhos, copos ou
mesmo em recipientes maiores de vidro. Então, também essa imagem estava difícil
de ser associada à palavra correspondente!
São
estes detalhes que os professores devem se ater para que a criança aprenda, de
fato, com significado, senão, é possível que alguns alunos sejam considerados
pessoas com dificuldades de aprendizagens, não porque não possuem capacidade
cerebral para responder às atividades solicitadas pela professora, mas porque o que estão vendo não se
identifica com a realidade daquilo que conhecem. Pensem nisso, professores!
Pensem no que fazem! Não dá para usar objetos de sua geração e de seu
conhecimento só porque eles começam com as sílabas que vão ser trabalhadas
naquela aula! E ainda tem mais: com relação à girafa, será que as crianças que
nunca viram esse animal saberão identificar aquele desenho? Sinceramente,
acredito que se essa atividade fosse avaliada por alguns bons educadores, ela
não obteria uma boa nota, não!
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