terça-feira, 7 de outubro de 2014

Engole o choro; anda, já mandei!

Uma menina estava andando com sua mãe pela rua apressadamente. A mãe se esqueceu que seu passo é muito maior do que o da menina, e a mesma começou a chorar. A mãe, com pressa e sem perceber a situação à qual garotinha se achava diante do cansaço da caminhada, disse: “Engole este choro!”

Quantas e quantas vezes nós, adultos, gostaríamos de expressar nossas emoções e sentimentos e não o fazemos porque, quando crianças, fomos ensinados a ter que engolir nossas lágrimas? Como um despropósito deste tipo pode acontecer e nos prejudicar tanto, seja em nível emocional, seja em um nível ainda mais concreto! Afinal, como engolir o choro se ele sai pelos olhos e não pela boca?


Este tipo de comportamento, como o desta mãe, ainda é muito comum em nossa cultura. Seja qual for a justificativa que o adulto tenha para dar em relação a proceder dessa forma com uma criança, fato é que por esses procedimentos vão se formando adultos sem respeito uns para com os outros, sem os sentimentos de consideração e de compaixão!  Afinal de contas, quando crianças um dia são obrigadas a engolir o choro, em outro elas se nutrem por colocar medos nos mais próximos, adoram dar sustos, acham engraçado quando veem outra pessoa em alguma dificuldade ou desconforto, machucam ou maltratam animais, enfim, essas crianças receberam a educação da violência e da desconsideração e acabaram por aprender a calar o que sentem! Depois disso tudo, nós, os adultos que as educamos para a vida, queremos que elas sejam pessoas saudáveis tanto física como emocionalmente?  Como é possível ser saudável se, quando crianças, foram  educadas de forma a sufocarem ─ e dissimularem ─ o pensar, o sentir e o agir? Fiquei pensando nessa menina! Coitada! Desde cedo está sendo obrigada a abafar o que sente, justamente quando deveria ser incentivada a expressar suas emoções para resolver seus conflitos internos de insegurança, tão naturais e característicos desse período da vida que se desenvolve! Quantos problemas futuros de saúde, de comportamento e até mesmo de aprendizagem poderiam ser evitados se pensássemos em ajudar as crianças a conviverem, neste mundo, de forma mais verdadeira, com equilíbrio e naturalidade, e não simplesmente abafadas e adestradas!

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