Estava
vendo algumas atividades e/ou jogos para crianças de 5 anos de idade, quando me
deparei com este jogo, feito à mão; trago este tema hoje porque quero sugerir
que vocês tenham consciência quando fazem algo do tipo ecojogo para as
crianças. Vou explicar o jogo em si: era um tabuleiro de papelão, com apenas 3
tipos de insetos: joaninhas, abelhas e borboletas; o jogo era todinho branco e
preto e os desenhos não eram tão reais assim, ou seja, os desenhos pareciam com
joaninhas, mas nem eu mesma tenho certeza se eram, porque o desenho não estava
tão bem para eu conseguir identificar. Sou adulta, trabalho com educação há
muitos anos, então, imaginem uma criança que não conhece de forma concreta
estes insetos: como ela formará a imagem
ou a representação mental de algo que não é real? O jogo também continha
números. Segundo o que estava escrito, era para trabalhar a interdisciplinaridade
entre as disciplinas de ciências naturais e a de matemática. Quanta
ingenuidade...
Interdisiciplinaridade,
termo que apareceu nas obras de Piaget em 1975, é muito mais amplo do que este
jogo. Muitos professores se equivocam quando acham que somente porque os
desenhos ali estão ─ embora muito mal feitos ─ representam os bichos ou insetos;
e que isso faz parte da fauna brasileira! Além do mais, que estão trabalhando
conjuntamente com a matemática, quando há uma regra que pede que se junte os
números à quantidade certa de desenhos!
Cuidado
com o que fazem, professores! Às vezes vocês podem pensar que estão fazendo
certo quando, na verdade, não estão. Estudar mais sobre o assunto, sem ir
fazendo só porque ouviu falar que “interdisciplinaridade é trabalhar junto, com
dois conteúdos de áreas diferentes”, isso por si só não garante que se está
fazendo o correto. E também cuidado com ecobrinquedos! Eles precisam ser os
mais reais possíveis, além de concretos, para que o objetivo a que se destinam
possa ser cumprido! Nós, adultos, somos capazes de entender que alguns rabiscos
com anteninhas possam vir a ser joaninhas, principalmente porque conhecemos o
bicho em si; mas, e a criança? E se ela nunca viu uma joaninha na vida, como
vai fazer esta abstração? E depois, como poderemos considerar que o conteúdo da
aula de ciências foi devidamente absorvido? Então, quando a gente ouve que são
as crianças que possuem dificuldades de aprendizagem... cabe uma pequena
reflexão: será que os professores
facilitam, ou atrapalham o desenvolvimento de uma criança?
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