Apegamo-nos a cachorros, gatos, periquitos, etc. São nossos animais de estimação, damos nome, banho, comida, água, enfim, tratamos cada um deles como único e especial. Quando eles morrem sentimos sua perda, que pode ser tão intensa como se fosse alguém de nossa própria família. Criamos laços de afetividade com estes seres. E sua morte deve ser tratada com seriedade e respeito, pois cada criança a vivencia de uma forma, dependendo também de como isto é passado para elas pelos adultos.
Lembro-me bem quando meu cachorro morreu Eu tinha seis anos de idade, embora não entendesse bem o processo de nascer, crescer e morrer, mas minha avó na época teve muita sensibilidade. Disse que isso (a morte) era natural, não fantasiou dizendo que o SHIRO (nome do cachorro) iria para o céu, nada disso. Fez entender que, assim como as plantas e as pessoas os animais também morrem, é um processo natural da vida. Ela não fez escândalo, não chorou, não gritou, não passou desespero para mim, mas sim segurança e tranquilidade. Ela me levou para fazer um buraco e enterrar o cachorro, tudo na minha presença. A cova foi feita bem pertinho do pé de goiaba, e ela, com sua simplicidade, disse que os restos do cachorro serviriam de adubo para o pé da fruta. Ou seja, ela estava ensinando o processo de decomposição da maneira dela, explicando. Só que preciso confessar uma coisa: cada vez que comia uma goiaba me lembrava do cachorro. Depois isso passou.
Minha avó ensinou o ciclo da vida, e contar isso para vocês me fez relembrar a infância e de como é importante ter em nossas vidas pessoas sábias que não fazem da morte algo ruim, mas sim um processo natural, e entender esta dinâmica é viver. Recordo-me que a enchi de perguntas na época, que foram respondidas de forma calma e da maneira correta, sem muito conhecimento científico, mas com a sabedoria da vida. Isto foi muito importante para mim na época, pois vivenciei a morte e a saudade, mas de forma explicativa, com clareza dos fatos. Obrigada vó, embora já não esteja mais aqui em vida e nem enterrada perto do pé de goiaba, senti saudades de você.
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Gostei da sensibilidade com que compartilhou sua experiência. Quando menino, meus dois gatos, Mingau e Nescau, morreram no mesmo dia de forma muito triste e chocante para mim e meu irmão. Meu pai teve o mesmo tato ao explicar que as coisas acontecem assim e os enterrou à sombra da macieira que tínhamos no quintal. Meu irmão contava, acho, uns três ou quatro anos, e perguntou se, ali, nasceria um pé de gatos, da mesma forma que enterrando sementes de maçã, havia nascido a macieira. Nunca me esqueço disso. Parabéns :)
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