terça-feira, 17 de julho de 2012

Série Talentos IX – Linguagem Geográfica

A noção de pertencimento de mundo começa pelo lugar onde habitamos, a casa, a instituição de ensino que as crianças frequentam e os outros locais que as mesmas convivem, conhecer estes locais são primordiais para que a criança adquira a noção geográfica de espaço. 
Mas é preciso cuidado. Vou contar uma experiência vivenciada por mim numa creche de Florianópolis. Supervisionando estágios do curso de Pedagogia fomos até uma creche (que não citarei nome por questão ética). A professora estava desenvolvendo um projeto sobre o MAR. Todos devem estar pensando: “Nossa, lógico! Florianópolis é uma ilha e está bem dentro da linguagem geográfica estudar este conceito, pois faz parte da realidade das crianças.  Num primeiro momento confesso que também pensei isto, mas observando e participando de algumas situações no cotidiano destas crianças percebi que poucas conheciam a praia de fato. Essa creche fica situada num morro que dá vista para o Mar, mas uma parte dele que  mais parece uma lagoa, porque é a parte da ilha que está voltada para o continente.  E ali não há praia para banho, areia, ondas como vocês possam estar pensando. Voltando à professora, ela relatava e descrevia ondas junto com as crianças,  fazia gestos e abria os braços como se estivesse nadando. Bem, percebi que algumas crianças não faziam os movimentos, então fiquei intrigada e perguntei a elas: - Vocês conhecem o mar, a praia, já foram nadar no mar? Para minha surpresa algumas crianças disseram que não, que nunca tinham ido nem ao centro de Florianópolis. Meu chão caiu naquele momento. Conversando com a professora e fazendo-a refletir chegamos a algumas conclusões... O projeto teve que ser modificado e como estava calor foi incluído um banho de mar em uma praia para que as crianças conhecessem de fato o que venha a ser  MAR, AREIA, PRAIA.
Por que contei isto a vocês? Por que muitas vezes nós, pais e professores, achamos que as crianças conhecem os lugares que estão ao seu redor e muitas vezes nos enganamos.  Se quisermos trabalhar a linguagem geográfica temos que partir do concreto do que elas sabem e depois ampliar seus conhecimentos e não o contrário.
Comecem conhecendo a escola, a casa, o bairro, alguns pontos da cidade, e assim sucessivamente. Isto é ampliar a linguagem geográfica das crianças.

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